terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TOCAIA

a vida segue longe

descuidada e sobrevivente

trafegam as tragédias

os espaços vagos

valões amarguram-se

em alterados cursos

as pedras choram

agonizam

despencam – assombram

estilhaços de promessas

golpeiam o peito

risos largos - descaso

retalham a carne do compro-menti -mento

nas mãos a pá da reconstrução

imposturas simpáticas,

tecidas em rede social,

abraçam os peixes de gracejo bravo

naturalmente atocaiados
(Mozart)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Delírio

o elevador verticaliza as escadas
os halls se cumprimentam
o amanhã floresce giras sóis.
na rua os corações excitam o asfalto
fervem retinas que pupilam
automóveis expressos

(ah!) desprezo

largos risos expandem as avenidas
na corrida das calçadas
copiosamente giram
os aros da bicicleta quase veloz
as areias se espalham
se espelham

(mesmo assim) desprezo

vergonhosamente
sobre os brancos,
vermelhos, amarelos, verdes
cores espumantes da Sernambetiba
esquentam arrebentações
um quebra-mar
(ah!) desprezo

todavia
em todas as vias
o bronze arrebatado dos corpos
me provoca um imenso prazer
Mozart

Copacabana

Algum Lugar



ah... em algum lugar
deixei uma palavra
sinuosamente
copacabana
provocando descobertas
nas noites incertas
clandestinos

ah... em algum lugar
nas vielas estreitas do passado
estamos nós
em nós
copacabana
somos hoje
iluminados e porteiros

ah... copacabana
nas areias dos descaminhos
despertados e errantes
andarilhos de seus desafinados
nas notas da bossa
na calçada botas
a realeza
sua alteza: princesinha do mar

Mozart

sábado, 15 de janeiro de 2011

AMARELINHA

Acorda


jogue a pedra primeira
a casa tudo se inicia
aposta no desejo – crie fantasia
mantenha-se ocupado espere a próxima moradia
desperta
jogue na segunda o seixo
resuma a raiva, o lampejo
prefira a canastra à franquia
esteja alerta para assumir a infantaria
acorda
aposta a peleja na terceira
perca as estribeiras
monte o cavalo
saia da estrebaria
afinal – isso tudo passa
é apenas confraria
não entrará no céu
monges da anarquia.
esperto ilumina os olhos
severo, plugado – atento
volta do sonho
incandesce o abajur
ofusca a retina
é dia, acorda!
arrisque a primeira pedra.

(mozart)


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Estação

nova estação
abdico à ideia
à dúvida
o mundo é grande
toda nave inconcebível
nem sempre sim;
nem sempre não
nas mãos tristezas cabem
alegrias se desdobram ao coração
tantos desejam persistir
a esfacelada felicidade
é vil moeda
ora sempre sim
ora a cara da coroa
ou apenas um talvez
(Mozart)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Minha Cidade

às vezes percebo a cidade

longe dos onze andares
as avenidas estão perdidas
às onze horas
o tempo é escasso
a partida é certa
os prédios acordam
percebo luzes
pontos estelares
asteróides rotundam
na potência de supersônicos motores
o rastro de brilho
bombardeia o universo
às vezes,
perto da cidade
a poeira é igual
a criatura é igual
as almas divergem
os sexos se divertem
nas ladeiras
nas barreiras
nas leis secas

-sabe,
dentro da cidade
às vezes....

sei lá.
Mozart