quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ARROUBOS

Por vezes

Erik Satie invade meus sentidos
Divago sobre os acordes
notas de cada melodia
cruza, abusa da morte
E ressuscita rusticamente
Das minhas entranhas

A música sobrevive o presente
Uma abdução passageira
Retalho-me em paisagens
Não existe um lugar
A dor é silenciosa
Incapaz de capacitar à cura
Devoro-me delicadamente
Enredando em um novelo de lã
Tomo a agulha
A linha e costuro tramas interiores
Nós apertados desfazem-se
Arromba a porta
O som invade o quarto
E expulsa lentamente
os bárbaros
os solitários arroubos
Um surto generoso
Sustenta o dizer
A loucura de estar
Aqui sem mim.